A avaliação dos blocos estruturais antes do assentamento é uma etapa determinante para garantir paredes seguras e estáveis. Valderci Malagosini Machado aponta que muitos problemas que surgem meses após a obra, como fissuras, destacamentos e perda de alinhamento, têm origem exatamente no uso de blocos sem resistência compatível com o projeto. Por isso, realizar testes simples no canteiro ajuda a identificar falhas de fabricação e evita que materiais inadequados avancem para a etapa de execução.
Como a inspeção visual revela falhas que comprometem o desempenho do bloco
De acordo com Valderci Malagosini Machado, a análise visual é o primeiro filtro de qualidade. Blocos danificados, com quebras nas bordas, trincas superficiais ou manchas esbranquiçadas podem indicar cura inadequada, excesso de umidade ou falhas durante o transporte. Esses sinais, quando ignorados, se tornam pontos frágeis dentro da parede estrutural.
Outro aspecto relevante é a uniformidade dimensional. Blocos fora do esquadro ou com diferenças perceptíveis de altura e largura prejudicam o alinhamento das fiadas, aumentam o consumo de argamassa e comprometem o desempenho da parede. Por isso, verificar as medidas usando régua, esquadro ou trena garante que o lote recebido mantenha padrão adequado ao projeto.

A textura também merece atenção. Superfícies muito lisas dificultam a aderência da argamassa, enquanto blocos com excesso de porosidade podem absorver água em demasia, alterando o comportamento da mistura durante o assentamento.
Testes práticos que confirmam resistência e consistência do material
Segundo explica Valderci Malagosini Machado, há testes simples e rápidos que podem ser executados no canteiro para avaliar a resistência dos blocos sem a necessidade de equipamentos laboratoriais. Entre eles:
- Teste sonoro: quando dois blocos são levemente percutidos um no outro, o som emitido indica densidade. Sons “ocosos” sugerem baixa compactação ou pontos internos frágeis;
- Teste de arraste: ao deslizar um bloco sobre o outro, o material não deve desintegrar nem soltar pó excessivo, o que indicaria baixa resistência superficial;
- Teste de impacto controlado: golpes leves com martelo de borracha ajudam a verificar se as arestas quebram facilmente;
- Verificação de absorção inicial: umedeça a superfície; se a água penetrar rapidamente e de maneira irregular, há chance de porosidade excessiva.
Esses procedimentos não substituem ensaios laboratoriais, mas funcionam como triagem inicial eficiente, antecipando problemas que seriam percebidos apenas durante o assentamento.
Como interpretar os resultados para evitar patologias na alvenaria estrutural
Conforme avalia Valderci Malagosini Machado, interpretar corretamente os testes é tão importante quanto realizá-los. Em blocos estruturais, pequenas irregularidades podem gerar consequências grandes ao longo da obra. Se um lote apresenta variação dimensional recorrente, é recomendável separar os blocos mais uniformes para áreas estruturais e usar os restantes apenas como enchimento, quando permitido pelo projeto.
Já em casos de baixa resistência superficial confirmada pelos testes sonoro e de arraste, o ideal é recusar o lote ou solicitar substituição imediata. Usar blocos fragilizados na parede estrutural aumenta o risco de fissuras, deslocamentos e perda de desempenho ao longo dos anos.
Outro ponto é o comportamento durante o manuseio. Blocos que quebram facilmente ao serem empilhados ou movimentados sugerem falhas de cura ou composição inadequada. Nesses casos, insistir no uso compromete a integridade da obra e aumenta desperdícios.
Onde a avaliação antecipada se transforma em economia e durabilidade na obra
A verificação feita antes do assentamento traz ganhos significativos, especialmente em obras residenciais. Paredes mais alinhadas, menor consumo de argamassa, redução de retrabalhos e diminuição de patologias são alguns dos benefícios imediatos.
Para Valderci Malagosini Machado, a triagem inicial deve ser tratada como parte do controle de qualidade da obra. Quando o profissional identifica falhas com antecedência, consegue agir rapidamente, seja ajustando o processo, seja substituindo materiais. Isso evita desperdícios, reduz custos e garante que a alvenaria estrutural se mantenha estável por muitos anos.
A longo prazo, blocos de resistência comprovada proporcionam maior segurança e desempenho. A obra se torna mais previsível, e as paredes apresentam menor probabilidade de fissuras e deformações. Esse cuidado, embora simples, tem impacto direto na durabilidade, no conforto e na qualidade geral da construção.
Autor : Vitor Rocha
